terça-feira, 19 de junho de 2018

Arrasta-pé de Rui: Aliados dão sinais de fadiga nas relações com governador

O governador Rui Costa (PT) chega à fase final das costuras para as eleições de 2018 nesta semana com indícios de fadiga entre os partidos mais tradicionalmente alinhados com o PT. O PSB e o PCdoB, cujas alianças foram consideradas prioritárias no plano nacional, foram preteridos na Bahia em detrimento de legendas que integram a base aliada de Michel Temer, o “inimigo da vez” do PT. PP e PSD são as duas siglas que devem integrar a chapa majoritária de Rui, indicando João Leão para vice (nada mudou) e Angelo Coronel para a segunda vaga ao Senado – a primeira fica com o ex-governador Jaques Wagner. Rui, como falado há algum tempo, preferiu alianças pragmáticas ao relacionamento programático com os partidos à esquerda do espectro político. É uma questão de opção, já que o mesmo construiu um legado que o permite ter papel decisivo na escolha daqueles que marcharão ao seu lado nas urnas. O PSB deve sentir o maior impacto na Bahia. Perde o espaço da senadora Lídice da Mata, figura decisiva no processo de defesa de Dilma Rousseff e da história do PT no Brasil. Oficialmente, a socialista ainda pode ser considerada apta à disputa nas urnas para permanecer no Senado. Extraoficialmente, todos os políticos sabem que Coronel venceu a disputa contra ela. Sem a cadeira de senadora, Lídice deve escolher disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, tentando assim manter certo protagonismo político – até porque, caso opte por ser deputada estadual ou suplente do Senado, corre o risco de perder o controle da legenda para um aliado eleito no plano federal. Mesmo que tenha tensionado ao máximo o processo e conseguido articular apoios relevantes, Lídice perdeu para os tentáculos do PSD e do senador Otto Alencar, partido com maior infraestrutura no interior do estado. Se o descontentamento dos socialistas já se desenhava há algum tempo, o mesmo não se pode falar do PCdoB. Até então satisfeito com o tratamento dado pelo governador, ontem foi a primeira insurgência pública dos comunistas contra Rui e as articulações políticas para as eleições de 2018. A medida, inclusive, parece ter pego de surpresa nomes como a deputada federal Alice Portugal. À tarde, Alice participou do evento com o governador no Parque de Exposições. À noite, teve a indicação de não participar do forró do Palácio de Ondina, festa em que Rui tenta parecer mais palatável para aliados. Pelos indicativos recentes, Rui vai precisar de mais do que um arrasta-pé para garantir que os partidos estarão satisfeitos antes de outubro. Este texto integra o comentário desta terça-feira (19) para aRBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior FM, Clube FM e Irecê Líder FM.

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