quinta-feira, 23 de junho de 2016

Após demitir 223 funcionários por causa da crise, empresário se suicida na própria fábrica


Corpo estava com uma corda no pescoço na fábrica em Rio Claro (SP). Caso foi registrado pela Polícia Civil nesta terça-feira (21) como suicídio.
O dono da empresa de sofás de Rio Claro (SP) que na semana passada demitiu 223 funcionários por conta da crise e queda nas vendas foi encontrado morto na fábrica nesta terça-feira (21).
Um funcionário que chegou para trabalhar por volta das 7h encontrou o empresário Luís Antônio Scussolino (dir.), de 66 anos, sem vida. A Polícia Civil registrou o caso como suicídio.
A Polícia Militar foi acionada e, quando chegou ao local, encontrou o corpo da vítima com uma corda no pescoço. A perícia técnica constatou que a causa da morte foi quebra do pescoço. O corpo do empresário será sepultado às 10h30 desta quarta-feira (22) no Cemitério Parque das Palmeiras, em Rio Claro. Depois de mais de 20 anos, a cidade voltou a registrar uma demissão em massa. Na última segunda-feira (13), a Luizzi Estofados demitiu 223 trabalhadores.
A empresa informou que, apesar de enfrentar dificuldades por causa da queda nas vendas, manteve o emprego de 870 funcionários. A empresa afirmou ainda que apresentou uma proposta ao sindicato para evitar as demissões: redução da jornada de trabalho e de 20% nos salários, mas ela foi rejeitada pela maioria dos empregados. Disse também que está calculando o valor das rescisões e se esforçando para pagar.
Medo e transtornos
Foram 8 anos trabalhando como tapeceiro. O dinheiro que ganhava ajudava a manter a família e agora sem emprego Osmar Barbosa não sabe o que fazer. “Fiquei meio apavorado, não esperava”, disse.
Nesta segunda-feira (20), os demitidos fizeram o exame médico. “Minha mulher depende do meu salário, tenho muitas contas para pagar, empréstimo que fiz no banco. Agora só Deus sabe o que vou fazer”, disse o operador de produção Abdias Eustáquio da Silva. O medo é que a empresa não pague tudo o que eles têm direito, por isso o Ministério do Trabalho está acompanhando o caso. O prazo pra acertar as contas com os funcionários é de dez dias. “Se a empresa não fizer o pagamento, existe a multa prevista no artigo 477 da CLT que é o valor de um salário nominal para cada empregado”, explicou Fabio Cigagna, chefe da regional do Ministério do Trabalho de Rio Claro.
Queda na economia
Uma demissão em massa não acontecia na cidade há mais de 20 anos. A última foi em 1995. Na época, uma fábrica de carros Gurgel fechou e 1 mil trabalhadores foram mandados embora. Agora a situação é ainda mais complicada diante da crise econômica do país. O secretario de Economia e Finanças, Japir Pimentel Porto, disse que esse tipo de situação afeta toda a economia da cidade. “A pessoa que não tem o rendimento deixa de consumir na cidade aquilo que ela consumia normalmente. Com isso, a prefeitura deixa de arrecadar porque todo consumo gera uma arrecadação em termos de taxas e impostos”, disse. (G1.SP)

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